quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

SOU NEGRÃO

Ei, você aí, preste atenção
Vamos falar de discriminação
Acabar com o preconceito
E toda forma de desrespeito

Eu gosto de ser negrão
E isto não muda o amor que tenho no coração
Não é o preto que muda meu caráter
Não penso em cor, vivo outra realidade

Me posiciono como aprendiz
Alguém capaz de ser feliz
Mesmo se aliso meu cabelo
Confesso, sou negro por inteiro
Não quero ser escravo
Das amarras da sociedade
Grito se alguém me discriminar
Vou ao judiciário porque não sou otário

Negro tem os mesmos direitos
E o país tem que acabar com o preconceito
Invadimos antes essa nação
Plantamos café, cana e limpamos o chão

Hoje trabalho no tribunal
Mando e desmando sem tratar alguém como animal
Porque sou negro e sou gente
Minha cor é o que menos conta no final

Minha ficha é limpa, é branca
Tenho estudo e posso pôr banca
Se você vier me revistar, me bater e gritar
Porque hoje estou sem terno, te ponho atrás dos ferros

Discriminar é igual a matar
E hoje no Brasil tenho chance
De ser ator, cantor, juiz e delegado
Só não posso ser escravizado


Luciane Dias
Nov/2012

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

VIDA ESCOLAR

A cadeira dura acalenta suas brincadeiras
A voz do quadro branco desarma suas piadas
A farda tira o brilho do batom vermelho
As regras tosam suas gargalhadas

Não lhe interessam as bactérias ou o clima da Europa
Subordinado é você à oração imposta pelos jalecos
A sede pode ser pretexto para a liberdade
Os amigos aliviam as obrigações

Sua ideia é de tempo perdido
Pouco interesse no futuro do verbo estudar
Sujeito de felicidade criando regras próprias
Desconhece as graças desses momentos

Não desmereça, aluno, as pequenas lições escolares
Serão capazes de diminuir as dores, de matar a fome,
De levar a sonhos, de mostrar o mundo
Poderão certificá-lo para a vida

Caleje os dedos escrevendo sua história
Dobre aos bons conselhos
Corresponda os anseios dos seus pais
E seja mestre da sua própria vida



Luciane Dias

terça-feira, 19 de junho de 2012

DIREITO A VELHA FAZENDA


Senhor juiz vim aqui para solicitar
Tenho boa intenção e minha dívida quero pagar
Me comprometi e agora tenho que entregar
Porque sou pessoa de palavra e isso ninguém pode negar;

Não estou agindo com maldade
Simplesmente naquele dia me fugiu o censo da realidade
Coloquei no negócio a velha fazenda
E na hora da entrega sofro por esta venda

Por isto que venho ao senhor requerer
Que me permita naquele lugar continuar a viver
Troco o pagamento por muito dinheiro
E desta dação o comprador terá um grande ganho financeiro.

Sei que no contrato não previa uma obrigação alternativa
Mas, aquela fazenda é o que mantém minha família viva
Então, diante da situação me desfaço de outros bens para pagar a obrigação
Vale mais do que perder um pedaço do meu coração.

Não quero ser inadimplente
Por isto estou aqui na sua frente
Pedindo que troque a forma direta de pagamento
Estipulando se possível uma das formas que lhe comento


O meu amigo comprador comigo tem uma velha dívida
Então esta situação pode ser dirimida
Compensa-se o que ele me deve e pago a diferença
Resolveremos tudo sem qualquer ofensa

E se ele não quiser a diferença receber
Consigno em pagamento para que eu não fique a dever
E prometo ainda que se ele aparecer nos 10 dias que tem direito
Lhe ofereço na fazenda um almoço bem feito.

Também teve a historia do meu filho mais novo
Que vendo a angustia no meu rosto
Foi procurar o credor
E uma novação tentou impor

Quis assumir a responsabilidade
Dizendo que em 1 mês pagaria o valor da fazenda com facilidade
Mas, o credor não teve intenção de novar
Disse que na verdade queria a fazenda fracionar.

Choramos todos de tristeza
Aquele era um bem indivisível com certeza
Ainda que a lei assim não o considerava
Era um espaço de porteira fechada

Doutor peço com veemência
Olhe meu caso com muita paciência
Ainda tem o problema dos dois fiadores
Que foram grandes colaboradores

E caso eu não entregue a velha fazenda
Eles terão que ir morar numa tenda
Porque suas casas foram dadas em garantia
E isto tudo na família trará grande apatia

Excelentíssimo senhor ainda quero te esclarecer
Que este velho amigo tem algumas dívidas comigo a vencer
Então, ele poderá imputar
Uma a uma qual quer pagar

Inclusive aquelas que ele já esta inadimplente
Prometo não cobrar juros, lucro cessante ou danos emergentes
E demonstrando minha boa intenção
A dívida que a filha dele tem comigo aplicarei o perdão.

É nestes termos que lhe peço senhor
Defira meus pedidos por favor
Ajude – me a resolver esta situação
Que tem me trazido grande aflição

O advogado que meu pleito assina
Pode ser avisado da decisão no seu escritório de esquina
E depois de nosso caso escrever
Pedimos que nosso direito o senhor possa reconhecer.

Luciane Dias


quinta-feira, 24 de maio de 2012

SOLO DA VIDA

Terra dura e árida
Era um solo infértil
Terra dura e árida
Era um solo infértil
Toda semente lançada era perdida
Não tinha olhos verdes que florescesse ali
Nascentes lacrimosas se houvera algum dia, a muito tinha secado
Era descrença e abandono...
Só o vento ainda lhe sussurrava
Um tufão fez surgir erosões
Veio à tona o subsolo...
Cheiro categórico de vida ecoou no ar
Vendo seu intimo remexido
O solo aplaudiu os pingos azuis de sentimento
Sementes ensopadas se aconchegaram a terra
Em oração pediram sol.
Adubada pelas mãos de anjos
Que apareceram em forma de amigo
Fez-se vida...
Árvore frondosa e frutífera
Enquanto suas asas, anjo amigo, fertilizarem meu calendário
Frutos eu darei.

Luciane Dias

quinta-feira, 10 de maio de 2012

VIVER



Como uma flor colorida
É uma viver sem idade
Usufruindo os presentes
Doados pela santidade

Assim, desabrocha com o sol, sorrisos
Floresce com a primavera, felicidade
Poleniza a vida, os amigos
Rejuvenescem os anos, os amores

E que a felicidade não seja uma estação
E os sorrisos quebrem os espinhos
Deixados pela paixão


Que as pétalas amigáveis sejam bálsamos
A encantar os sonhos, a instingar os voos
Desejando conquistar o mundo.

Luciane Dias
Maio/2012

sexta-feira, 27 de abril de 2012

SOFRIDO DESENCONTRO


Amor que ecoa em único coração
Inundando de dor esta alma
Com uma rosa que murcha calma
Deixa este rosto em solidão.


Lua que ilumina dois caminhos
Água que mata e que faz florescer
Fogo que queima e que faz aquecer
Antagônicos de sentimentos


Espíritos sem escolha
Deste amor sem forma
Que num corpo tatua sofrimento
Em outro é vencido pela armadura

Sofrido desencontro
Deste amante escravizado
Que não se feche em amargura
Porque o tempo diluirá esta desventura.


Luciane Dias



sexta-feira, 13 de abril de 2012

FOTOGRAFIA

Congela a felicidade

Com intuito de manter viva a história
Dignifica a pobreza e engrandece as lágrimas
Postadas num preto e branco que colore um cômodo



Clareia o breu, revelando “nuances”
Escurece faces, apagando as marcas da idade
Registra o tempo, prendendo-o em papel
Revela a alma que reflete nos olhos



Hipnotiza a todos que se entregam em poses
Enquadra a vida em porta retrato
Desrobotiza a máquina e dá vida, à foto.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

ESCOLHAS



Escolhas que aprisionam
Prisões que libertam
Asas que não voam
Pés que saltam lágrimas.

Rios que cortam sonhos
Quebrando as asas das encruzilhadas
Afogam escolhas sem direção
Desnudam em sangue o coração

Renasce em força e suor
Este corpo ardente em desejo
Lampejo de felicidades e apogeu.


Luciane Dias
09 de abril de 2012








sábado, 4 de fevereiro de 2012

CONFRONTO DE SENTIMENTOS

Corpos e almas encontram o desencontro
Um confronto de sentimentos
Soluções fraternais tatuadas no eco
Fracassos esculpidos pelas mãos macias

Palavras descrevem o lógico
Mas, o silencio não é lido
Não há como interpretar
Esta realidade cálida, seca e mortal

De bocas que não falam
Olhos que não se veem
Mas, se encontram em sonhos e fatos
Casos reais e contos de fadas

Nem o tempo pode apagar
O que os corpos escreveram no tempo
Nem o sol pode queimar
O desejo iluminado pela lua.

Luciane Dias
15/01/2012

TEXTOS